29/12/10

Kind of...


Retirado daqui.

O Planeta de Plástico

Por um fortúnio do meu amigo Acaso, foi-me dado a conhecer recentemente o filme de origem austríaca "Plastic Planet", de Werner Boote, um documentário sobre o papel entretanto tornado imprescindível do plástico na nossa vivencia quotidiana. O filme data de 2009 e inicia-se de forma autobiográfica com imagens da infancia do próprio realizador e do quao relacionada com plástico essa altura da sua vida se encontrava (como será o caso da maior parte de nós, nascidos num pós-Segunda Guerra Mundial). Foca também o próprio processo de producao - tanto quanto possível - dos materiais que hoje populam e pululam (n)o nosso planeta assim como os efeitos secundários, comprovados por estudos científicos e mesmo provas empiricamente obtidas através de situacoes ocasionais, que a utilizacao de plástico nas suas mais variadas formas suscita. O filme torna-se inspirador, nao tanto pelas novidades que nos traz, mas sim pela apresentacao crua dos factos que tanto teimamos em ignorar: o plástico é um produto nocivo, para a saúde e para o ambiente. Nao será por acaso que os estudos - chamemos-lhes - científicos que defendem o contrário sao, na sua grande parte, subsidiados pelas grandes empresas produtoras do material.
Alguns factos (baseados no documentário):
  • 4% do petróleo extraído a nível mundial é utilizado para a producao de plástico;
  • a maior parte dos alimentos consumidos actualmente é empacotada em embalagens de plástico;
  • as empresas nao sao legalmente obrigadas a divulgar os elementos que compoem os produtos em prol do segredo industrial, deixando consumidores e controladores no escuro;
  • plástico liberta partículas para a atmosfera ao longo do tempo, entrando discretamente no nosso ecossistema:
  • garrafas de plástico contem elementos químicos (Bisphenol A) que, ao serem libertados - o que pode suceder apenas com uma mudanca de temperatura ou apenas com o passar do tempo -, podem provocar alteracoes macicas no sistema endócrino e afectar a composicao hormonal do nosso corpo ou o desenvolvimento cerebral de forma irreversível;
  • os nossos oceanos estao repletos de mais plástico do que plancton, numa proporcao de 6 para 1;
  • plástico demora entre 500 a 1.000 anos a ser decomposto;
  • 240 milhoes de toneladas de plástico sao produzidas por ano;
  • estima-se que cerca de 500 mil milhoes a 1 triliao de sacos de plástico sejam consumidos a nível mundial;
  • a maior parte dos sacos de plástico nao é biodegradável e sim fotodegradável - decompoe-se em partículas minúsculas e tóxicas, constituindo parte da cadeia alimentar de muitos animais a elas sujeitos;
Perante esta verborreia de verdades inquestionáveis, nao poderemos ficar indiferentes! A mim espanta-me a passividade com que a maior parte dos meus concidadaos aceita que o seu destino seja manipulado por outros sem escrúpulos sem sequer ponderar no que eles mesmos poderao fazer de forma a minimizar os efeitos nocivos que muito tem a ver com as suas próprias escolhas individuais! E nao me venham com histórias de que há sacos de plástico biodegradáveis. A este propósito um excerto de um blog encontrado sobre o tema:


O que fazer? Como reagir? De que forma poderemos moldar as nossas vidas com a consciencia da menor penalizacao do ambiente e da nossa saúde?
A família austríaca Krautwaschl, após ter visto o documentário, tomou uma atitude radical e enveredou por uma experiencia que dura há já um ano. Objectivo: uma casa sem plástico! A primeira accao foi fazer o inventário de tudo o que era composto por plástico e desfazer-se do mesmo, o que se revelou bem-sucedido na maior parte dos casos. Passaram a comprar produtos e principalmente alimentos com uma consciencia diferente e eliminaram aquisicoes compulsivas (por exemplo, batatas fritas de pacote), substituindo-as por produtos de fabricacao própria.

Eu irei iniciar a minha experiencia amanha. Nao irei mandar para a lixeira nada do que já tenha adquirido, pois isso levaria apenas a um consumismo compulsivo de bens substitutos e nao resolveria o facto de os produtos já terem sido confeccionados (seria apenas mais uma medida de producao de lixo absolutamente evitável). Primeiro passo: Ir às compras no supermercado e reduzir o consumo de plástico para ZERO. 

Já tenho ali umas quantas embalagens nao reutilizáveis e nao recicláveis com as quais desejo confrontar o meu supermercado de bairro. Provavelmente terei de as continuar a acumular, mas espero que nao pois tal significaria que nao estaria a aplicar o meu objectivo de tolerancia zero...

22/12/10

Antecipacao

Palavroes apenas existem enquanto lhes dermos significado. A sua utilizacao como forma de comunicacao assenta numa crenca generalizada de um sentido pérfido, mau, negativo, atribuído à própria palavra. Palavroes conseguem ser palavras mais psicológicas ainda do que as que definem sentimentos, sabores, odores ou sensacoes. Muito do que pretendemos atingir ao aplicar este tipo de juncao de sílabas se passa no nosso subconsciente.
Com a actual banalizacao do uso desses palavroes - e há muita gente por esta blogosfera fora que parece nao conseguir exprimir-se sem recorrer ao poder magnanimo do caralho, do foda-se ou mesmo do filho da puta (e consegui escrever sem símbolo à mistura, ufa! Esta percepcao só pode ser o resultado da minha educacao relativamente conservadora) -, vai-se conseguindo aos poucos precisamente o oposto: retira-se continuamente o significado intrínseco das mesmas, evoluindo para uma situacao extrema em que estarao integralmente desprovidas de sentido, atracando mesmo na inocencia de todas as outras formas de comunicacao que utilizamos. Será o fim de uma era.

Culturas abertas

Nao, nao é apenas mais um filme sobre alteracoes climatéricas.

Coalition Of The Willing from coalitionfilm on Vimeo.

20/12/10

Eclipse lunar...

... apagará o esplendor da lua cheia de hoje. Restar-nos-á a claridade de Debussy para sempre.

A aranha na palmeira de mandioca*


Encontrado aqui.

*Do alemao "Die Spinne in der Yucca-Palme"

E é isto o símbolo do progresso?



Mais um exemplo da qualidade da estacao televisiva Fox. A headline que envolve a notícia sugere a ideia de terrorismo tecnológico e está presente na maior parte do debate, se é que se pode denominar este momento negro da agencia televisiva um debate, quando todos os convidados oradores sao portadores da mesma opiniao.
Bob Beckel, anafado comentador da Fox - representante da espécie Trump, sem pescoco e com tez capilar muito natural - e o mais radical nas suas opinioes, defende uma sentenca de morte para Julian Assange, apesar de ele próprio frisar ser contra a pena de morte. Guedié

"A dead man can't leak stuff. This guy is a traitor, he is treasonous, and he has broken every law of the United States. And I am not for the death penalty, so there is only one way to do it: illegally shoot the son of a piii!"

As referencias a Assange sao deveras criativas, passando do  "This little punk!", "The guy with the laptop" até ao "blackmailist, extortist, terrorist". Ah, a palavra mágica - terrorismo, que tanto tem desculpado e ocultado desde 2001. Aliás, esta deveria ser mesmo a palavra do século.

As actividades de espionagem da CIA sao aceitáveis porque já há muito conhecidas, ao contrário das actividades da Wikileaks.

Nem o ditador da Coreia do Norte escapa às ofensivas verbais. "North Korea is one of the most dangerous things hapenning right now! With his little psycho b*** and his fat little son who was at Disneyworld over there! This guy is ready to go off at any time!"

O que julgar de um país onde tais barbaridades proferidas em público podem passar ilesas? Onde comentadores políticos se julgam no direito de incitar a populacao à violencia e condenar um cidadao à pena de morte? Onde a palavra "bitch" é censurada e nao o incentivo à justica pelas próprias maos por via da agressao? Onde a liberdade de expressao permite facínoras pagos pela economia privada advocarem o abate de um ser humano e nao a revelacao de segredos de Estado pertinentes para uma opiniao pública propositadamente mantida na escuridao durante - pelo menos - quase uma década?

And this is what we call civilization?

Medo...

Como poderei eu, vegetariana de há umas semanas, sobreviver em Portugal, mantendo-me fiel aos meus princípios, na altura do NATAL, hein? O que vale é que ainda vou consumindo ovos e tal, o que dá para contrabalancar as viagens calóricas e me permite uma viagem inigualável à docaria portuguesa. É nestes momentos que me compadeco com os veganos...

A propósito do Dia Mundial de Escuta dos Afegaos...

Achei deveras hilariante a coincidencia: o risco de seguranca nas províncias afegas aumenta consoante o número de hectares de cultivo de opiáceos. 
É sobejamente conhecido que o Afeganistao constitui uma narco-economia, mas daí a se tomar consciencia de que essa mesma contribui com 53% (!) do PIB vai um passo gulliveriano no mundo dos liliputianos.  Imagine-se que este país produz 93% da heroína consumida a nível planetário! Nao haveria de ser uma regiao interessante para os norte-americanos porque? Aliás, existem relatos e investigacoes jornalísticas que estabelecem uma conexao entre a producao de ópio afega e a luta contra os soviéticos perpetrada nas décadas de 70 - 80, tendo a primeira assumido um papel preponderante no financiamento da segunda, este protagonizado e co-ordenado supostamente pelos amigos da CIA em prol do combate à ameaca comunista da época. Hoje chama-se ameaca terrorista, a qual, no fundo, nao passa mais do que uma ameaca ao poder geoestratégico detido em determinadas zonas.

Vale a pena ler o artigo na íntegra aqui.

Dois em um. Mas sao dois!

Uma nova hegemonia forma e divide a realidade: Chindia. "O dragao e o elefante deveriam dancar o tango." Um poder económico asiático que irá disponibilizar de um terco da populacao mundial e movimentar um volume em termos de transaccoes comerciais de mais de 100 bilioes de dólares.
Cada um descobre o potencial do outro como uma mina de ouro, disfarcadas que agora estarao as divergencias passadas. Estranha coincidencia a visita diplomática do presidente chines se ter efectuado poucas semanas após uma outra estada prominente: a do presidente Obama (com o seu séquito de 200 pagens, perdao, empresários).

Nisto, onde irá o Dalai Lama receber asilo daqui a uns anos?

Desafiarei as odes!

Apesar disto, isto, desta, esta, daquele e daquela, resolvi ir passar os dias festivos à terra natal. Apenas espero que o temporal nao me desafie os nervos. E sim, tenho direito a pessimismos. 

"Há pessoas que acham que ser pessimista deve ser «angustiante». Estão enganadas. Ser pessimista é sobretudo cansativo. Todos os dias o mundo confirma a ideia que temos do mundo. Imaginem: todos os dias."

Intemporal...



Lembrei-me também que uma das razoes pelas quais há muito boa gente no Brasil que nao reconhece ao Paulo Coelho, o mago contemporaneo do lirismo simplista, qualquer talento é o facto de o acusarem de plágio de material seixista.

16/12/10

E por falar em amizades...

Há pessoas que se definem pelo trabalho que as ocupa, outras pelos livros que leem, ainda outras pelos filmes que veem, outras por tudo isso ou nada disso, e há outras que estipulam o nível de interesse pessoal através das pessoas que conhecem (e nao sao necessários ser amigos). A lista vai do artista (músico, escritor, pintor, fotógrafo) ao advogado ou médico (com poucas excepcoes...PUÁ), passando pelo homossexual.
É um fenómeno actual haver gente que considera a amizade com alguém gay como algo especial, isto, claro está, se a pessoa em questao nao o for ela própria. Ostentam essa relacao como se de um troféu se tratasse, algo extraordinariamente excepcional, fora do comum, abismal. Quanto mais "bichona" (perdoem-me o termo, mas de momento o meu domínio do calao portugues nao me deixou alternativas...), maior o orgulho. Se em casal, melhor, protagonismo a dobrar. 
Exibem-se com os mesmos nas situacoes mais estapafúrdias que se possa imaginar, normalmente num qualquer bar extravagante pleno de pessoas do mesmo sexo, a dancar em cima das mesas ao som de Gloria Gaynor a mostrar o mamilo ou a língua para alguém incubido de relatar o momento áureo em forma de fotos. Essas fotos conhecem um só caminho e destinam-se a um só fim: Facebook. O grau de coolness aumenta desmesuradamente, iludem-se.
Há forma de discriminacao mais absurda?

Há algo que me intriga...

Ironia é quando se recebe um email de alguém amigo contendo uma apresentacao cujo último slide, carregado de emocoes, nos apela ao envio da mesma para as pessoas que nos sao mais queridas, e esse amigo nem sequer ter disponibilidade de nos responder à simples pergunta "Está tudo bem contigo?" que formulamos ao responder a essa mensagem por ficarmos tocados com o gesto. Há pessoas assim, que se expressam em termos de amizade por intermédio de instrumentos compostos por outros, aparentemente dotados de uma funcao deveras importante: relembrar-lhes que ainda tem pessoas de quem gostam, mas para as quais afinal nao tem assim tanto tempo.

A nuance da legalidade

Espionagem constitui um pilar na forma de funcionamento institucional das sociedades de hoje. É conhecido que todos os estados, sejam eles democracias ou ditaduras, utilizam os seus espioes (nao é por acaso que muitas vezes nos referimos a esses tentáculos alargados do estado como agentes secretos, ou seja, a quem é reconhecida uma legitimidade de existencia) na obtencao de informacao que lhes interessa. Espionagem é considerado algo pouco lícito, escondido, envolvido em secretismos, códigos de conduta, honra e comunicacao, miscelaneas de identidades, residencias, funcoes, disfarces. Há relatos de influencias espionísticas em qualquer acontecimento de grande porte da nossa história (Primeira e Segunda Guerras Mundiais, Revolucao Bolchevique, Guerra Fria, derrubes de ditadores na América Latina, Queda do Muro de Berlim, para mencionar apenas alguns). Os primeiros indícios da existencia de espioes remonta mesmo ao Antigo Egipto. Os métodos de obtencao de informacao por parte de instituicoes como a CIA ou o extinto KGB passa(va)m invariavelmente por infiltracao, camuflagem, uso de agentes (especiais, duplos, triplos, ...), permutas em troca de meios financeiros, redes de contactos,  prática de hackering, na epiderme da sociedade. 
Todas estas técnicas sao permitidas e geralmente aceites, porque executadas em prol de um bem comum: a defesa dos Estados.
Pergunto-me entao porque se ignoram os paralelismos com os métodos utilizados por WikiLeaks (ou outros whistleblowers) e se considera mesmo acusar esta organizacao de espionagem "ilícita". Nao o é toda? Já nos esquecemos do grande incidente diplomático aquando da descoberta de uma rede de espionagem russa nos EUA? Com uma leveza verdadeiramente extraordinária, o evento foi digamos que quase abafado e os agentes terao sido expatriados para a terra que os viu nascer como bufos de profissao. E nao será uma arte de espionagem quando, como em Berlim, o embaixador dos EUA usa a colaboracao servical do chefe de gabinete de um dos partidos que agora compoem o governo de coligacao alemao para se inteirar das prioridades internas governamentais ou mesmo sobre o andamento das negociacoes no seio da própria coligacao?
Assim, o alarido à volta da WikiLeaks torna-se facilmente pura hipocrisia. Se condenarmos os free lancers, teremos que aplicar os mesmos critérios aos que tornaram isso a sua profissao. Os Estados somos nós, os cidadaos, e nao as estruturas que o circundam. A verdadeira liberdade consiste em poder formar uma opiniao com todos os elementos disponíveis. E, agora que conhecemos a sensacao, será difícil, tal qual droga, prescindir da mesma.

É por isso que nao voto social-democracia...

"Numa época de grande hegemonia ideológica das correntes reaccionárias, nomeadamente no campo político, económico e social, a ilusão da convergência baseada no falso consenso acaba sempre por favorecer a direita e “roubar” autonomia ideológica à Esquerda, que passará a actuar, na maior parte das vezes, a reboque da direita, embora involuntariamente.
A experiência, que não pode ser descrita em poucas palavras, mas apenas enunciada, da “imposição universal dos direitos do homem” e da “exportação da democracia” pelo movimento neoconservador americano, que no pós Guerra Fria alastrou a quase todo pensamento político ocidental, nomeadamente à social-democracia, é um acabado exemplo do que acaba de ser dito. De facto, foi por via desses falsos conceitos de “direitos do homem” e de “democracia” que o capitalismo neoliberal impôs o seu domínio a quase todo o planeta, eliminando ou subjugando quem ousasse desafiá-lo.
Os regimes políticos que ousassem defenderem a sua autonomia ou a sua diferença eram económica e financeiramente ostracizados quando precisavam de ajuda ou de créditos, outras vezes eram mesmo subjugados e invadidos pela força das armas, sempre em defesa dos tais grandes valores que, como agora se vê – para quem ainda tivesse dúvidas -, não passam da defesa ilícita dos mais sórdidos interesses de quem não olha a meios para atingir os seus fins."

Excerto retirado daqui.

Contrastes

Antes...

Depois...



Fotos: Espólio pessoal

Passos largos

A julgar pela quantidade astronómica de bloggers a utilizar os media espanhóis como leitura diária e privilegiada fonte de informacao, estamos mais perto da Ibéria do que pensamos.

15/12/10

Anotacoes fotográficas de uma viagem


Foto: Minha

Regresso ao passado...

Earthlings devia ser um filme obrigatório já em tenra idade. A instrucao basilar de cada cidadao, portugues ou nao, passa pela história, mas deveria indubitavelmente incluir o futuro. Este é um filme que choca, que nos abala o amago, que despoleta culpa e responsabilidade às quais ninguém é alheio. Sao as imagens da realidade, nua e crua, tal como ela é, sem Photoshop ou filtros mediáticos, sem eufemismos e plena de dureza. 
Este foi um filme que modificou a minha percepcao da existencia para sempre.

Primeira decisao: Contrariando milhares de anos de evolucao, irei aderir ao vegetarianismo por completo. Só espero que a ciencia jamais prove que vegetais e fruta sao dotados de algum tipo de consciencia.

Segunda decisao: Já que o meu estilo de vida nao me deixa ter um animal de estimacao já nascido e existente, irei de cada vez que for às compras auxiliar a associacao local de proteccao de animais. 

Hoje teria sido já o primeiro dia se nao me tivesse deparado com a seguinte questao: O que é que vegetarianos compram como alimentos para os seus animais de estimacao, principalmente quando estes sao caes e gatos? Os únicos produtos que se encontram nos supermercados standard sao compostos por outras espécies - atum (espécie em vias de extincao), galinha, perú, cordeiro, salmao (outra espécie que pelo menos já esteve em vias de extincao)... Tudo enriquecido com vitaminas e molhos que, de nome, nos fariam a nós, humanos, salivar-nos por completo. Fiquei estarrecida durante minutos a olhar para as prateleiras, prolongando a busca da seccao vegetal para pets, em vao. 
Terao gatos comido sempre peixe com sabor a gelatina? E caes uma massa que se assemelha a tudo menos a pedacos de coelho? 
Se conseguirmos educar-nos o gosto, será que a tarefa também será possível para os nossos animais de estimacao? Chegou a hora de regressar às origens...

10/12/10

Sinergias

O anao gigante da F1 teve uma ideia brilhante. Um furto com direito a agressao física transformou-se numa ideia para um anúncio publicitário a uma marca conceituada e luxuosa de relógios. 
Na minha opiniao, podíamos aplicar a mesma ideia, nao na promocao de um produto, mas de um princípio, que é um direito: o da nao-violencia sobre mulheres. Como as imagens usadas na sensibilizacao do cancro do pulmao, por exemplo, que normalmente abalam qualquer sensibilidade. Para tal seriam necessárias caras e cores. E passar por cima de um sentimento grande de vergonha e auto-culpabilizacao.

E por falar na China, ...

... serao, pelo menos, 21 as cadeiras que amanha ficarao vazias durante a cerimónia da entrega do Prémio Nobel a Liu Xiaobo. O país que entretanto se tornou a maior economia do mundo continua o seu curso manipulador tanto da liberdade de expressao como da autonomia económica dos seus súbditos - os 19 países que escolheram nao estar presentes amanha em sinal de protesto. As trocas devem ter sido inimaginavelmente gigantescas.
A vigésima primeira cadeira será a do próprio laureado, que continuará na clausura como preso político e agitador criminoso e subversivo. A primeira vez desde 1936 que o premiado ou pessoas por ele nomeadas permanecerao ausentes na cerimónia.

A seguir, com interesse, amanha a partir das 12:00, aqui.

Hegemonias

Pesquisamos informacao no Google,  vemos vídeos no Youtube, conectamo-nos com a nossa rede social através do Facebook, publicamos fotos no Flickr, compramos livros na Amazon (isto antes de a boicotarmos pelo WikiLeaks), pagamos a crédito com Visa ou Mastercard, consumimos burgers ou Lady Gaga (salvo seja) e assistimos a filmes de Hollywood. E ainda há quem tenha receio do poderio chines? 
A única diferenca reside na subtileza. E agora nem disso gozam os EUA.

06/12/10

O valor humano

"Was bin ich wert*"? Nos EUA o valor de cada um define-se por aquilo que se ganha.. Ganha-se mediante aquilo que se faz. Aquilo que valemos traduz-se materialmente. Definitivamente nao é o país para mim... Mas agora percebo porque a segunda pergunta de um norte-americano que nao sabe quem sou normalmente é "What do you do for a living?". A seguir ao nome, pois claro.

*Em portugues: "O que valho"

O canto da liberdade


Mahsa Vadhat é iraniana. Reside num país onde mulheres apenas cantam para mulheres. Um país onde apenas em raras ocasioes - quando devidamente acompanhadas e enquanto parte do coro - podem mulheres aparecer em palco para um público masculino. Nao é desejável que homens se excitem com as vozes femininas, dizem as autoridades. Um país que proibe performances a solo de artistas mulheres. E mesmo concertos correctamente organizados e autorizados podem ser sujeitos a cancelamentos inesperados.  Um país onde todas as melodias de qualquer artista sao analisadas e aprovadas pelo Ministério da Educacao Islamica, a instancia que censura media, teatro, livros, enfim, tudo o que é publicado., sem que alguém consiga exactamente descortinar com que critérios as decisoes sao tomadas, que tipo de ritmos ou textos se podem permitir os músicos. Um país no qual a arte é composta com base em medos, suspeitas, auto-censura, riscos de ultrapassagem dos limites desconhecidos da arbitrariedade, onde cada forma de individualidade é considerada rebeldia, desde a música de que se alimentam até aos cortes de cabelo bem-vistos pelo regime.  Um país onde o modo de colocar o véu assim como o comprimento da roupa sao determinados por lei e no qual verniz nas unhas ou sobrancelhas arranjadas sao proibidos.
Um país onde uma pontinha acrescida de liberdade é considerada uma revolucao.

Mahsa Vahdat luta por revolucoes, cantando.

04/12/10

Street Art

Foto: Daqui.

Don't mess with Texas!

Preconceitos existem. Sao contra-produtivos, generalistas, conduzem a uma limitacao intelectual, fecham horizontes e eliminam aberturas de espírito. Mas o que fazer quando, a qualquer oportunidade, esses mesmos preconceitos sao confirmados?
Preconceitos sao juízos pré-concebidos sobre algo ou alguém, tendencialmente irracionais porque nao baseados num raciocínio metódico nem numa análise completa de uma certa realidade, até serem provados na íntegra e aí passam a factos científicos ou pura e simplesmente transformam-se numa verdade.
Existe um preconceito europeu (provavelmente mundial) sobre texanos, o qual temos que agradecer à Dallas, aos Georges Bush ou ao Texano Rico dos Simpsons. Seguindo um pouco a lógica do site Stupidedia (em alemao), o texano é intelectualmente modesto, muito down-to-earth no tratamento, tem tendencia para a obesidade, adora carne, charutos e descapotáveis. O texano é um cowboy, um rapaz da vaca, portanto, que se move a cavalos, Mustangs ou Hummers. Vive num rancho e aprecia gozar a sombra da sua torre de exploracao de petróleo. Alimenta um fetiche por botas e chapéus assim como piscinas  em circunstancias absurdas. Tem um orgulho evidente em ser o que é e nao lhe cai nada bem quando ouve do espaco "Houston, we have a problem!". É branco, cristao e republicano, anti-welfare state e conservador. Apoia as intervencoes militares em qualquer sítio e vocifera contra a ameaca do terrorismo, que obviamente vem de fora (Axis of Evil). Ao mesmo tempo que recusa qualquer intervencao estatal que esteja ligada à esfera privada do indivíduo, aceita piamente todas as estratégias anti-terroristas que o Estado tem vindo a impor aos seus cidadaos como acto patriótico
Estao a ver isto tudo numa só pessoa? Foi a minha breve (felizmente para a minha sanidade mental) companheira de discussao hoje à noite. Tudo comecou quando questionei o body scanning a propósito do protesto dos americanos contra esta medida (mais uma) de (pseudo)seguranca nos aeroportos que decorreu no fim-de-semana de Thanksgiving. O típico discurso fundamentalista foi imediatamente accionado numa mente condicionada a pensar assim, sem se aperceber da própria manipulacao qual cao de Pavlov: "Claro que o scanning é importante no ambito do combate ao terrorismo internacional. Aliás, sou da opiniao de que nenhum terrorista merece qualquer tipo de julgamento justo, pelo contrário, deveria ser imediatamente lancado aos leoes ou condenado à pena de morte!". Ao que respondi, reconhecidamente em tom bastante provocatório: "Se pensarmos bem nos ataques sádicos a civis no Afeganistao ou no Iraque, poderíamos classificar os soldados responsáveis como terroristas dado nao aplicarem qualquer tipo de regras subjacentes a situacoes de guerra.". O patriotismo nao se fez esperar: "I am so fucking tired of having to put up with all this shit! (literalmente) Voces europeus tem a mania de nos atirar à cara tudo o que fazemos de mal, na vossa opiniao, sem que apresentem uma solucao". Eu repliquei: "Solucao para que? De que problemas estamos a falar? Dos que agora se verificam após a invasao injustificada de um país que nao é o vosso? Agora é tarde, resolvam-no com os vossos aliados!". O tom foi ficando acesso e muito agressivo. "Ah, queres dizer que a nossa reaccao ao 9/11 deveria ter sido nula?". Nao pude deixar de sorrir porque mais uma americana pensa que a celeuma se reduz aos acontecimentos fatídicos deste dia, apagando por completo tudo o que está por detrás assim como todas as teorias de um possível envolvimento do próprio governo nos atentados, para nao mencionar o facto de o Iraque nada ter a ver com a história toda. "E tudo o que aconteceu anteriormente ao 9/11 nao conta??" A mulher estava a ficar cada vez mais enfurecida e insegura. "Perguntei-te qual a VOSSA solucao para o problema, nao me respondeste é porque nao tens alternativas!", ao que retorqui "Mas solucao para que? Qual é, na tua opiniao, o verdadeiro problema?", insistindo no exercício da dúvida e introspeccao nacional. "International terrorism!", gritou, quase como a auto-convencer-se (e eu pensava "Onde é que já ouvi isto?"). E nisto vi que estávamos num beco sem saída e parei com a troca egocentrica de argumentos porque vi que, mais uma vez, um preconceito meu se comprovou. Infelizmente. Fiquei com a impressao - lá está mais um preconceito - de que texanos gostam de ter sempre a última palavra, nem que esta seja shit. Valeu-nos a presenca conciliatória de um judeu americano que nao só mediou como tratou de eliminar o nosso conflito verbal, relatando um pouco sobre o que ele e a própria família entendem sobre comportamentos racionais.
Agora falta conhecer os outros texanos, todos eles, e teremos teoria.
E nem sequer toquei na obra arquitectónica do Assange...

Post Scriptum: Para o caso de nao ter ficado claro, a minha texana é branca, republicana, bastante conservadora e convicta crista e católica.  Ah, e fa da pena de morte.

03/12/10

Porque gostei...

"A minha saudade da imensidao do teu ser alimenta-se da lembranca de ti, de mim, do nosso universo hermético. Esse universo, por onde apenas deixávamos perpassar réstias de luz e folia dos eleitos, aqueles com quem comunicávamos na linguagem que, por ser a mais pura, dispensava quaisquer palavras. A fusao perfeita de estados de alma, que me martiriza de tantas vezes concretizada no passado, e de tao intoleravelmente impossível no presente. O despir de todas as inibicoes-tabu, de todas as vestes de sentimentos de pudor e convencoes. A aceitacao do "eu" sem artifícios, o esquecimento hedonista dessa ideia egocentrica, o eterno retorno às origens, a atomizacao eclética de seres que se tornavam unos.
Eis o quotidiano desse nosso mundo, impalpável pois aquilo que de mais intenso existe é materialmente vazio. Ainda me surpreende a insolencia do destino, que tao abruptamente cruzou os nossos rumos, para despoticamente nos arrancar a plenitude entretanto alcancada através de sensacoes impolutas. Sao agora somente as memórias que me restam, translúcidas, dispersas, perenes, que me assolarao a existencia por muito mais do que o tempo que elas representam.
Recordar-te-ei, a ti que nao vejo mas sinto como parte pungente de mim, para todo o sempre, tal qual máquina do tempo, e deixarao de importar os anos, meses, dias, horas em que a eternidade for transformada. Tentarei eliminar a frustracao de nao abarcar algo a mim pertencente.
Sem essas memórias, esvar-se-iam o passado, aspirante a presente moribundo, a vida anterior, a vida interior. E o tempo deixaria de ser sentido."

02/12/10

Os mortos mais vivos de sempre...

... ou uma das razoes pelas quais nasci quando nasci...

Rattenschwanz...

... ou cauda de rato é como os alemaes denominam uma situacao sem perspectivas, um beco sem saída. Como quando os caes entram em devaneio e procuram abocanhar a própria cauda, apenas no caso dos ratos a mesma já está, digamos, na boca do lobo. Foi do que me lembrei quando vi este filme...

O momento em que os esclarecidos se tornam cegos

Nao nos faltam vozes revolucionárias, por vezes ultra-reaccionárias, que estao sempre dispostas a vociferar contra tudo o que esteja classificado de "sistema" ou "regime", que continuamente poem em causa o que nos parece a forma natural de funcionamento das coisas, que protestam com accoes e mobilizacoes e se movem em todos os meios de comunicacao (e aqui nao me refiro puramente aos media e sim a todos os instrumentos ao nosso alcance susceptíveis de utilizacao para fazer trespassar uma qualquer mensagem) de forma a se fazer ouvir e sentir, alimentando o contágio pelo espírito liberto e sem limites ou medos de questionar seja o que for que nos parece dados adquiridos. Sao a nossa consciencia, espelham os nossos receios e emocoes, provocam paradigmas institucionalizados, dao a cara, arriscam a sua própria existencia sob a forma de corpo ou simplesmente nome.
Sao tao contra que, na maioria das vezes, se tornam a favor de qualquer coisa, ainda que antagónica em relacao ao que atacam e tentam fragilizar. E, por vezes, fazem-no de forma cega e seguidista, sem aplicar a capacidade lógica de raciocínio que lhes deveria ser subjacente. Refiro-me aqui especificamente a todos aqueles que, em seguimento dos acontecimentos recentes que levaram ao vazamento de uma quantidade quase irresponsável de informacoes relativas às actividades diplomáticas de uma grande nacao que continua a alimentar anseios hegemónicos, apesar de (ou talvez por isso mesmo) estar continuamente a perder influencia no campo geo-político de hoje, se preparam para apoiar um evento público de grande importancia, pelo menos nos próximos dois meses: "Support WikiLeaks". O mote do evento:

You can help support our independent media by donating financially or Share a Wikileaks release with a friend. Spread our wallpapers. Donate to support vital infrastructure. If you believe democracy and transparency go hand in hand, now is the time to stand and say: The world needs Wikileaks.

Pode parecer entediante eu voltar a postar sobre a WikiLeaks, mas é interessantíssimo acompanhar as reaccoes das mais variadas esferas da sociedade a este fenómeno, até porque fui convidada por uma das pessoas mais inconformadas com o tal "sistema" que conheco a participar no tal evento. Mas pergunto-me se este meu conhecido, que de resto a qualquer oportunidade ataca peremptoriamente a infra-estrutura social e económica construída no último século, nao se questiona sobre quem está a financiar as actividades desta organizacao. Enquanto esta questao nao estiver esclarecida, eu pessoalmente nao irei doar um centavo e o meu outing quanto ao apoio nao terá lugar. Nao pude deixar de esbocar um sorriso ao ler a palavra "transparencia" na mensagem do instigador do evento. Se a WikiLeaks atribui tanta importancia a esse factor, poderia comecar por si mesma.

01/12/10

Revolucoes...


Há precisamente 370 anos, fomos capazes de derrotar e expulsar invasores de considerável maior dimensao e poderio bélico. Condicionado por uma monarquia longínqua que governava à distancia e alheada às necessidades da populacao, sugada ao tutano para pagar impostos que ajudavam a suportar as despesas do império espanhol (isto faz-me lembrar qualquer coisa...), Portugal revoltou-se e restaurou a sua independencia. 
Bravura, coragem e inconformismos que tanto nos fazem falta na actualidade...

Uma primeira sugestao de melhoria já apareceu!

Foto: Daqui

4U



Umas das minhas labels favoritas lancou as 4AD sessions para promover os seus artistas. É de seguir com toda a atencao, dado o seu passado sublime, composto por nomes como Dead Can Dance, Bauhaus, Pixies, Thievery Corportation, Cocteau Twins, This Mortal Coil ou Breeders. Reminiscencias...

Nao aos pesticidas!

Enquanto o mundo se deixa distrair pelas notícias catastrofais sobre o estado das nacoes, medido com base em indicadores económicos, vai sucedendo uma série de eventos alarmantes que nos deviam preocupar muito mais, mas aos quais a imprensa geral nao vai dispendendo a devida atencao. Ouvem-se continuamente vozinhas fracas, lá bem de longe, gota a gota, como se a medo por nos estarem a incomodar, alertando para alguns factos que efectivamente nos podem desgracar a existencia e nos arrastar para um estádio civilizacional em que nao só os meios financeiros ao final do mes como a possibilidade de subsistencia própria estarao esgotados. A notícia de que colónias inteiras de abelhas tem vindo continuamente a desaparecer, muito provavelmente devido ao uso indevido de um determinado tipo de pesticidas em grande massa produzido e comercializado pela Bayer, passou-nos literalmente despercebida. O desaparecimento deste tipo de insectos poderá ter consequencias dramáticas a nível do nosso ecosistema já que as abelhas sao os agentes mais importantes da polinizacao, o acto sexual das plantas espermatófitas, ou, simplificando, o processo de reproducao das próprias plantas. Em acréscimo, sabe-se que actualmente sao já 35% as colheitas agrícolas que dependem precisamente de agentes polinizadores. Como é geralmente conhecido, as abelhas produzem mel. Este produto, além de ser uma excelente fonte de energia natural, apresenta propriedades antimicrobianas e anti-sépticas, ajuda a cicatrizar e a prevenir infecções em feridas ou queimaduras. O mel é também utilizado largamente na cosmética devido às suas qualidades adstringentes e suavizantes. Outro produto que estes incansáveis insectos nos proporcionam é a própolis (ou própole), hoje utilizada com maior frequência na prevenção e tratamento de feridas e infecções da via oral, também como antimicótico e cicatrizante. Estudos mais recentes indicam eficiente acção de alguns de seus compostos activos com acção imuno-estimulante e antitumoral. A dimensao do problema vai-se tornando mais grave...

Os efeitos nefastos da utilizacao dos pesticidas ter-se-ao feito sentir igualmente na populacao de insectos, o que terá originado uma quebra insustentável na fonte de alimentos para pássaros. Efectivamente tem-se vindo a registar uma diminuicao substancial na populacao de pássaros só no espaco europeu. Na Gra-Bretanha, por exemplo, a populacao de pardais terá decrescido em 68% desde 1977, notando-se a mesma tendencia em outro tipo de pássaros de bosque e terras de cultivo. Bem diferente da estratégia de Mao nos anos 50*.
Imagine-se o impacto deste tipo de situacoes na manutencao do equilíbrio ambiental.

E a propósito de pássaros, hoje o Spiegel  noticiou que um determinado veneno ambiental pode alterar a estrutura hormonal de pássaros como o Íbis de tal forma que estes acabam por sofrer alteracoes comportamentais e se tornam homossexuais, quando expostos a altas concentracoes de um produto chamado Metil Mercúrio (libertado em consequencia de queimadas de resíduos que contenham mercúrio inorganico ou mesmo do uso de combustíveis fósseis como o carvao). Nao se trata de uma notícia de cariz empírico e sim baseada num estudo publicado em Outubro pela Royal Society. A propagacao da espécie estará seriamente ameacada.

Pequenos (grandes) sinais de que andamos mesmo a arriscar demais e a brincar com o nosso planeta como se nao tivesse de haver um amanha. Sendo assim, nao percebo qual o interesse racional de nos reproduzirmos, estando conscientes de que o planeta é único e está a ser irreparavelmente destruído a um passo alucinante. A natureza vinga-se.

*Alusao a mais um episódio negro da ditadura de Mao Tse Tung. Uma das muitas províncias agrícolas chinesas enfrentava problemas com o excesso de pardais, os quais atrapalhavam as colheitas ao se nutrirem das sementes plantadas. Ao tomar conhecimento do facto, o pragmático ditador terá dado ordens para que a população dizimasse todos estes pássaros usando qualquer tipo de estratégia ao alcance. Foi um grande massacre em nome da “caça ecológica”. Resultado: sem os pássaros, seus predadores naturais, os gafanhotos gozaram de condicoes propícias para arrasar com as plantações da província inteira, gerando um longo período de fome e miséria.