Por um fortúnio do meu amigo Acaso, foi-me dado a conhecer recentemente o filme de origem austríaca "Plastic Planet", de Werner Boote, um documentário sobre o papel entretanto tornado imprescindível do plástico na nossa vivencia quotidiana. O filme data de 2009 e inicia-se de forma autobiográfica com imagens da infancia do próprio realizador e do quao relacionada com plástico essa altura da sua vida se encontrava (como será o caso da maior parte de nós, nascidos num pós-Segunda Guerra Mundial). Foca também o próprio processo de producao - tanto quanto possível - dos materiais que hoje populam e pululam (n)o nosso planeta assim como os efeitos secundários, comprovados por estudos científicos e mesmo provas empiricamente obtidas através de situacoes ocasionais, que a utilizacao de plástico nas suas mais variadas formas suscita. O filme torna-se inspirador, nao tanto pelas novidades que nos traz, mas sim pela apresentacao crua dos factos que tanto teimamos em ignorar: o plástico é um produto nocivo, para a saúde e para o ambiente. Nao será por acaso que os estudos - chamemos-lhes - científicos que defendem o contrário sao, na sua grande parte, subsidiados pelas grandes empresas produtoras do material.
Alguns factos (baseados no documentário):
- 4% do petróleo extraído a nível mundial é utilizado para a producao de plástico;
- a maior parte dos alimentos consumidos actualmente é empacotada em embalagens de plástico;
- as empresas nao sao legalmente obrigadas a divulgar os elementos que compoem os produtos em prol do segredo industrial, deixando consumidores e controladores no escuro;
- plástico liberta partículas para a atmosfera ao longo do tempo, entrando discretamente no nosso ecossistema:
- garrafas de plástico contem elementos químicos (Bisphenol A) que, ao serem libertados - o que pode suceder apenas com uma mudanca de temperatura ou apenas com o passar do tempo -, podem provocar alteracoes macicas no sistema endócrino e afectar a composicao hormonal do nosso corpo ou o desenvolvimento cerebral de forma irreversível;
- os nossos oceanos estao repletos de mais plástico do que plancton, numa proporcao de 6 para 1;
- plástico demora entre 500 a 1.000 anos a ser decomposto;
- 240 milhoes de toneladas de plástico sao produzidas por ano;
- estima-se que cerca de 500 mil milhoes a 1 triliao de sacos de plástico sejam consumidos a nível mundial;
- a maior parte dos sacos de plástico nao é biodegradável e sim fotodegradável - decompoe-se em partículas minúsculas e tóxicas, constituindo parte da cadeia alimentar de muitos animais a elas sujeitos;
Perante esta verborreia de verdades inquestionáveis, nao poderemos ficar indiferentes! A mim espanta-me a passividade com que a maior parte dos meus concidadaos aceita que o seu destino seja manipulado por outros sem escrúpulos sem sequer ponderar no que eles mesmos poderao fazer de forma a minimizar os efeitos nocivos que muito tem a ver com as suas próprias escolhas individuais! E nao me venham com histórias de que há sacos de plástico biodegradáveis. A este propósito um excerto de um blog encontrado sobre o tema:
O que fazer? Como reagir? De que forma poderemos moldar as nossas vidas com a consciencia da menor penalizacao do ambiente e da nossa saúde?
A família austríaca Krautwaschl, após ter visto o documentário, tomou uma atitude radical e enveredou por uma experiencia que dura há já um ano. Objectivo: uma casa sem plástico! A primeira accao foi fazer o inventário de tudo o que era composto por plástico e desfazer-se do mesmo, o que se revelou bem-sucedido na maior parte dos casos. Passaram a comprar produtos e principalmente alimentos com uma consciencia diferente e eliminaram aquisicoes compulsivas (por exemplo, batatas fritas de pacote), substituindo-as por produtos de fabricacao própria.
Eu irei iniciar a minha experiencia amanha. Nao irei mandar para a lixeira nada do que já tenha adquirido, pois isso levaria apenas a um consumismo compulsivo de bens substitutos e nao resolveria o facto de os produtos já terem sido confeccionados (seria apenas mais uma medida de producao de lixo absolutamente evitável). Primeiro passo: Ir às compras no supermercado e reduzir o consumo de plástico para ZERO.
Já tenho ali umas quantas embalagens nao reutilizáveis e nao recicláveis com as quais desejo confrontar o meu supermercado de bairro. Provavelmente terei de as continuar a acumular, mas espero que nao pois tal significaria que nao estaria a aplicar o meu objectivo de tolerancia zero...
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