04/02/11

Estou com problemas

Bem perto da uma da manha, apercebo-me da falta da minha liberdade, aquela que me acompanhou durante doze meses deliciosos.
24h nao sao definitivamente suficientes para tudo o que anseio fazer. Devo ter um péssimo time management pessoal ou, em alternativa, as minhas necessidades a saciar pelo sono sao demasiadas, talvez pelo deleite que os sonhos me concedem? Nao sei, mas é um facto que, desde que há tres dias (re)comecei a trabalhar, nao consigo fazer desporto, nao me dedico à blogosfera com alma e frescura, abandonei por completo a minha máquina fotográfica, é-me impossível seguir as notícias (e eu que tanto valor dou às opinioes anti-mainstream, acessíveis apenas após pesquisas intensas), os documentários que povoam a internet passam por mim sem me tocar os sentidos, os livros criam pó e vincos na mesa de cabeceira, cozinhar com inspiracao tornou-se uma obrigacao à fome e deixou de ser um prazer... E tudo sem considerar a hipótese de me ocupar com outras actividades que nao as laborais...
Nao tenho descendencia e nao vejo TV.

Pergunto-me seriamente o que está errado com a minha rotina. Será que só conseguimos realmente viver se nao trabalharmos?

Entrevistas - I

"Ela - Entao esclareca-me um pormenor: no seu currículo registei uma lacuna temporal de dois anos. Nao encontro referencias no documento que me indiquem qual o seu percurso profissional de 20xx a 20xx. Trata-se de uma gralha ou...

Ele - De 20xx a 20xx? Ah, nao estao incluídos? 

Ela - Pois que... err... nao.

Ele - ... (silencio)

Ela - Mas diga-me, basta entao explicar o que fez nos anos esquecidos e concluímos o assunto verbalmente.

Ele - Ah, pois... Entao deixe-me pensar... De 20xx a 20xx... Huumm... 

(segundos de repetido silencio)

Ela - Entao, vamos lá a puxar pela memória. Até 20xx esteve como xxx na empresa xxx, a partir de 20xxx ocupou o cargo de xxx. Nao será difícil lembrar-se do que fez entretanto...

Ele - ... nao sei... nao sei...

Ela - Nao sabe mesmo?

Ele - Pois olhe, tenho mesmo de passar a pergunta. Consultarei os meus documentos em casa e depois digo-lhe alguma coisa por telefone, está bem?"

A conversa e o contacto ficaram por ali.

03/02/11

Diferencas

Depois de um dia pleno de reunioes num dos inúmeros paraísos fiscais desta Europa, fiquei com a impressao de que, se me quiser pavonear com um porta-moedas Louis Vuitton e pumps Valentino em plena pausa de almoco, terei de mudar de país. Na Alemanha seria provavelmente etiquetada de "exibicionista" ou "elitista", isto na versao diplomática...

Efemérides

Que mundo é este em que a futuros parceiros de trabalho sao concedidos uns míseros minutos para se apresentarem como pessoas? Quanto mais rápido, mais eficiente?
De facto, deixou de haver tempo para o mais importante...

01/02/11

A diáspora portuguesa


Apresenta-se, com este mini-documentário, os vários motivos que nos levam a sair do país que nos viu crescer. Peneirando os sinais de arrogancia que nos sao tao típicos quando nos achamos um pouco mais valiosos que os outros por termos estado "lá fora", há imensos outros aspectos que sao focados sobre a nossa cultura e valorizacao da mesma que tornam o filme bastante interessante. Sao, no fundo, as nossas vozes interiores...

31/01/11

A geração sem remuneração

Carta de um recém-licenciado na mesma faculdade que eu a um professor da mesma:

"Bom dia caríssimo professor.
Venho-lhe enviar as condições que me propuseram na entrevista de emprego em (X).
As funções que tinha que desempenhar consistiam em: procurar clientes, convence-los a aceitar propostas de seguros, de vendas de imóveis, de abrir contas bancárias obscuras, resumindo, seria convencer os clientes a assinar um conjunto de serviços financeiros que deixam muito a desejar.
As condições que ofereciam eram as seguintes: teria que me deslocar na minha própria viatura, encontrar os respectivos clientes, tratar dos documentos todos e todas as burocracias a que esses serviços financeiros obrigam, teria que ser eu o responsável caso essas contas bancárias misteriosas [contas de aplicações em produtos estruturados] e serviços não decorressem da melhor forma e, no final ficaria com 15% dos lucros, tendo ainda que repartir esse 15% com a equipa (vendedores) a que iria pertencer.
O entrevistador sugeriu-me que achava por bem contratar-me como licenciado e não futuramente como mestre, pois isso implicaria mais custos, custos esses que para ele seria algo supérfluo. Seguidamente, após o entrevistador ter tentado de todas as formas que eu assinasse de imediato o contrato, comunicou-me que o ordenado base seria de ZERO, pois eu poderia constituir o meu próprio ordenado, dado, que quantos mais produtos financeiros realizasse, melhor ordenado poderia obter. Confrontei-o de seguida, com a situação em que me encontrava, ou seja, uma vez que não conheço a cidade de (X), seria complicada a tarefa de nos primeiros tempos constituir uma carteira de clientes, respondendo-me ele de imediato que caso eu não encontrasse clientes, teria que suportar todas as despesas.
Aproveito também para lhe comunicar que foi esta a minha primeira entrevista de emprego como licenciado, onde o entrevistador me comunicou que estava já constituída uma equipa com outros quatro licenciados, o que me deixou estupefacto, dado que esses outros elementos aceitaram as condições em cima descritas.
Confesso que estou muitíssimo apreensivo e assustado com esta realidade terrível com que me deparei."

Retirado daqui.

Mais um ano...

Another Year, um suceder de estacoes na biografia de um casal que se encontra no Outono da sua vida. Um filme bem britanico, pleno de reality checks, que nos mostra um centro gravitacional de estabilidade onde seres procuram conforto. Um retrato de e aspiracao a felicidade a contrastar com depressao, solidao, perda, tristeza, a inevitabilidade do passar dos anos.
Vale a pena, que mais nao seja pela prestacao genial de Lesley Manville como Mary. Vim hoje a saber que esta actriz foi casada com um dos meus actores preferidos, Gary Oldman.

30/01/11

Que mundo tao parvo

A frustacao colectiva de uma revolucao, cantada pelos Deolinda.



Sou da geração sem remuneração
e não me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mal e vai continuar,
já é uma sorte eu poder estagiar.
...Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.

Sou da geração ‘casinha dos pais’,
se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.

Sou da geração ‘vou queixar-me pra quê?’
Há alguém bem pior do que eu na TV.
Que parva que eu sou!
Sou da geração ‘eu já não posso mais!’
que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.

Vídeo retirado daqui e letra conseguida aqui.

Beautiful Scotland, where I lost my heart...


Ye Pow'rs, wha mak mankind your care,
And dish them out their bill o' fare,
Auld Scotland wants nae skinking ware
That jaups in luggies;
But, if ye wish her gratefu' prayer
Gie her a haggis! 

Address to a Haggis, Robert Burns

Eilean Donan Castle, foto tirada daqui.

A coisa decorativa