19/01/11

A tal da discriminacao positiva

Se nao há necessidades, criamo-las. O mercado está inundado de exemplos, desde os utensílios de cozinha até ao spray para sapatos. A pujanca das ideias e a criatividade humana alimentam a máquina dos sonhos nos quais se baseia a nossa estrutura social, onde cada um assume forcosamente uma determinada funcao, bem delineada e etiquetável, susceptível de arquivo rotular, porque afinal somos aquilo que fazemos (nao é assim?).



Alguém, neste panoptikum de mentes iluminadas, se lembrou de que hoje em dia há mulheres com confianca suficiente para criarem o seu próprio negócio e que estas senhoras com fundos e coragem talvez precisem de um auxílio profissional, de um guia conselheiro que lhes indique que passos a seguir aquando da fundacao de uma empresa própria. Foi a hora do nascimento do "Faca voce mesmo - Como criar a sua própria empresa, sendo mulher". Basta consultarmos a Amazon.de para verificar que o mercado está inundado de edicoes puramente destinadas a elementos do sexo feminino, redigidas pelo próprio, ou seja, de carácter muito insider. Fiquei curiosa em saber o que difere no processo de criacao de uma empresa no caso de o detentor da ideia ser um gajo. Será que as autoras oferecem guias psicológicos adequados aos dias especiais do mes? "Capítulo 2: Como evitar visitar o Registo
Nacional de Pessoas Colectivas em época de síndrome pré-menstrual?".
Este tipo de auto-discriminacao transcende-me completamente. Nao pertenco ao grupo de indivíduos que recusa aceitar diferencas nos sexos (essas sao mais do que óbvias, principalmente as anatómicas), como nao me sinto parte do grupo que defende que mulheres sao mais sensíveis e homens mais práticos por nao ser a favor de generalizacoes. Mas definitivamente nao pertenco ao grupo daquelas mulheres que, em qualquer circunstancia, se auto-promovem (ou auto-destroem) por intermédio do sexo com que nasceram. Como as autoras e as consumidoras de livros assim.

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