05/01/11

Indigencias

Este post suscitou-me curiosidade sobre uma tal de fadista apoiante oficial da candidatura à presidencia do mais político de todos os candidatos - a qual, miraculosamente, tem visto o seu número de actuacoes públicas em nome de Portugal aumentar desde essa altura, mas será melhor parar por aqui, nao me venham acusar da tao habitual e quotidiana má-língua portuguesa, apenas devida a sentimentos de inveja e cobica, pois, pois -, pelo que decidi investigar a referida página na net. Qual nao é o meu espanto quando me apercebo que tenho, pelo menos, quatro amigos de rede social (tres da vida real, um apenas virtual com quem gosto de discutir por normalmente defendermos posicoes perfeitamente antagónicas) a facebooquianamente "gostar" da coisa. Pressuponho que o sentimento nao se refere ao design do site e sim à própria candidatura em questao. É óbvio que a candidatura à presidencia da república é dotada de um carácter político-partidário, tornando-se raro registarem-se candidatos independentes e sem qualquer filiacao partidária (apesar de, como é óbvio, cada um deles, mesmo os próprios independentes, demonstrarem tendencias ideológicas que normalmente, mas nao necessariamente, ou nao houvesse a possibilidade do voto em branco, se espelham na atribuicao do voto a um determinado partido). Quanto a mim, e talvez seja ingénuo da minha parte pensar assim, a eleicao do presidente da república tem um cariz muito pessoal já que mais directa nao poderia ser. Eu nao estarei a votar apenas num partido ou numa ideologia (hoje em dia cada vez menos delineada) ou num programa e sim na representacao do país por parte de um cidadao, uma pessoa, com suas qualidades, virtudes, defeitos e posicoes públicas assumidas. Perante tudo o que sabemos sobre a pessoa Aníbal, Conde de Boliqueime (e atencao que sou uma feroz admiradora do reino dos Algarves), os seus jogos de poder e sabotagem, a sua incapacidade de envolvimento e inspiracao de uma nacao, os seus dons de se imiscuir, sem querer intervir, em assuntos exteriores à sua responsabilidade, o favoritismo com que premiou lacaios, os quais, à custa dos contribuintes, continuam à solta, o balanco desastroso dos seus anos de governacao para com o país que agora tanto idolatra (pfff...), o enriquecimento ilícito de que presentemente é acusado, acusacoes às quais responde profundamente irritado como se a sua figura por acto divino estivesse acima de quaisquer suspeitas, o colaboracionismo, ainda que latente, com o regime salazarista, o aproveitamento do tema da pobreza em favorecimento da sua campanha, enfim, com tudo isto, nao posso compreender que haja pessoas no meu círculo de amizades que ainda "gostem" disto e o declarem publicamente. Sou favorável à liberdade de expressao, mas nao quer dizer que tenha que entender a forma como as pessoas racionalizam determinados temas, ainda para mais quando lhes atribuo capacidades pensantes.
E nao, este post nao tem nenhuma conotacao política.

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